Buscar

Lady Mechanika - Quanto mais steampunk melhor

Silézio Luiz
11 de out. de 2017
3 min de leitura

5 anos de inglês no cursinho, nenhum intercâmbio, pouca prática e um tablet sem cartão de memória me levaram de volta ao Comixology. Ansioso por um pouco de leitura na língua do Tio Sam, atraído por um precinho camarada, fisgado pelas possibilidades das cores dessa obra numa tela amoled e, de fato, meio cansado das histórias de heróis coloridos, Marvel e DC, me vi envolto numa trama sombria num universo steampunk muito bem caracterizado, com uma personagem forte com boas doses de suspense e investigação.

Mas quem é Lady Mechanika?

Com o desejo de criar uma personagem imbuída de toda riqueza visual que só o metal e o vapor do gênero steampunk podem conceder, Joe Benitez, "deu vida" a caçadora de monstros aprimorada com partes mecânicas Lady Mechanika. O volume 0 da graphic novel foi lançado em setembro de 2010, ano de copa e da inauguração do Burj Khalifa e infelizmente da perda do grande ator e comediante Leslie Nielsen, o que me deixou particularmente chateado.

Seguido de mais 5 revistas que fecham o arco e encadernado revisado aqui, entitulado Lady Mechanika vol 1: the mistery of the mechanical corpse.

Arte

O apelo visual da obra é acachapante, cada detalhe das armas, acessórios e vestimentas dos personagens, em especial da protagonista, é no mínimo um deslumbre.

Veículos, como dirigíveis são um espetáculo à parte, embora as paisagens sejam meio vagas em detalhes e raramente demonstrem tanto esmero quanto o resto. O autor, que já trabalhou nos Titãs (da DC comics, não a banda :), nos primeiros volumes parece haver uma dificuldade por parte do autor em aliar em entregar uma boa arte sequencial, o que resulta em cenas estáticas belíssimas que dão vontade de imprimir num posterzão que você respeita, mas uma diagramação que em certos momentos dificulta o entendimento da cena, especialmente algumas lutas ficam confusas ou não tão interessantes quanto deviam ser. No decorrer dos volumes isso vai sendo gradativamente corrigido. O charme da ambientação vitoriana também não é lá muito equilibrado, tendo cenas carregadíssimas em detalhes, especialmente em vestimentas, mas com um fundo que é meramente um degradê de cima em baixo. Há também alguns quadros o autor também parece indeciso sobre como ele quer expressar a situação e diversos quadros com muitos detalhes me tiraram a atenção ao perceber que a minuciosidade no traço da protagonista morria no final de seu corpete que dá para o vazio, oque numa capa é ok, mas numa sequência fica meio estranho. Por fim, quero exaltar as cores, o colorista Peter Steigerwald entrou no meu radar e assumo que quero muito um autógrafo dele, um trabalho realmente muito impressionante na maior parte do tempo.

A trama

As motivações da heroína são claras desde o início embora sua origem seja coberta por uma névoa de mistério (leia esse trecho com uma voz grave tipo Cid Moreira que fica irado), e vai aos poucos compondo os aspectos fortes da personalidade da caçadora de monstros.

A interação dela com os antagonistas e eventuais aliados no melhor estilo anti herói, lobo solitário é embasada em alguns diálogos bons, mas infelizmente nenhum deles memorável. O vilão é bem clichê, mas não chega ao ponto de incomodar e ele tem seus momentos marcantes e ainda ganha um plus ao ser confrontado por um personagem que põe seu posto de vilão em cheque.

Num geral a leitura segue sem engasgos e sem grandes momentos, mas ainda assim mais substancial do que uma mensal de Vingadores ou Liga da Justiça.

Veredito

Lindo de ver, bom de se ler, Lady Mechanika se traduz numa obra deliciosa, com certeza uma boa porta de entrada para novatos no gênero steampunk e um prato cheio para as pessoas entusiastas de traços meticulosos e cores ressaltadas. O preço do primeiro encadernado no formato ebook é bem convidativo e o volume impresso em capa dura, que com certeza vai embelezar bastante qualquer coleção também está atraente. Lady Mechanica possui ainda mais 3 arcos fechados publicados e um em andamento desde Julho de 2017, ano do Nosso Senhor (sempre quis falar desde quando assisti Robin Hood com Kevin Costner), entitulado The Clockwork Assassin (que título irado não? :).