Bright - Lembra da esponja, Scotch?
- Silézio Luiz
- 15 de jan. de 2018
- 4 min de leitura

Bad boys, bad boys! What you're gonna do, what you're gonna do!
When they come for you! Já dizia o Inner Circle! Mais um filme de ação policial do Will Smith, mais um filme onde ele repete aquele lance de sharp shooter, ele vira, faz aquela cara de badass e atira como ninguém. Sim, ele sempre que pode faz esse tipo de cena, e sempre de forma muito parecida.
Mas, maaass, maa aa aass, Bright é mais do que isso. Quem conhece o universo de RPG de Shadowrun reconhece a premissa da mistura de fantasia e tecnologia (não feitiçaria, aliás, feitiçaria sim, vem Joana Prado). Não preciso dizer o quanto a premissa me agrada, mas só pra ilustrar eu possuo pelo menos dois jogos da franquia Shadowrun no pc e no tablet. Cyberpunk da melhor qualidade com elfos, orcs e magia. Então bora ver o que deu essa mistura no novo filme original da Netflix.
O que é?
Los Angeles, quase a Ghotan da vida real (se possível leiam com voz de narrador de filme), o policial Daryl Ward enfrenta o desafio de ter como parceiro o primeiro Orc a ser incorporado na polícia Nick Jakoby (pode parar de ler com a voz de narrador agora). Com a imprensa, a opinião pública e a corregedoria na cola, Ward (Smith) e Jakoby (Joel Edgerton) saem para uma ronda, pouco depois de um incidente onde Ward saiu ferido e a lealdade de Jackogy foi colocada em xeque. Anoitece e os policiais são tragados para uma trama sombria de magia ao atender um chamado num bairro na periferia. Chegando no local, eles encontram uma elfa, sinais de rituais de magia e uma varinha mágica. E se isso fosse a sessão da tarde, aí eles estariam começando uma louca aventura, ou algo do tipo.
Los Angeles surreal, ou real.
Estamos tão acostumados com a fotografia cinza e meio suja de LA nos filmes, que não nos causa estranheza a violência mostrada graficamente com certa liberdade em diversas cenas. O pouco de cor, e mínimo de paz que o filme apresenta, está no subúrbio, precisamente na casa de Smith no início do filme. Fora isso, é asfalto, prédios, clubes noturnos e guetos. Quase Robocop mas com um toque mágico.
Magia
Aqui creio que se encontra uma das barreiras do filme, misturar de forma coesa o real e o fantástico. Shadowrun faz isso com facilidade, pois são dois estilos ficionais, cyberpunk e fantasia, se misturando. Mas aqui a mistura é da fantasia com a realidade. E boa parte das pessoas não consegue fazer um esforço imaginativo partindo da era de tolkien para os dias modernos sem exterminar elfos, orcs e afins. Coisas místicas só se for na época medieval. E embora o filme faça a junção dos mundos de forma razoavelmente competente, a resistência do público médio ao filme com certeza é um empecilho.
Trama
Nada que já não tenha sido explorado antes, a velha relação entre parceiros policiais sendo testada, mas aqui há um agravante. É a trama da dupla policial em um universo diferente. Num filme policial comum, não se desenvolve nada sobre o mundo que cerca os "tiras", pois é o nosso mundo. Não há necessidade de explicar a cidade de Martin Riggs e Roger Murtaugh, você pode inclusive ir lá, ou se já tiver ido, reconhecer alguns pontos mostrados na película (Máquina Mortífera).
E isso pesou contra Bright. O filme, está longe de ser ruim, mas não muito longe, e também não é memorável. Pouco da trama sobre magia e raças diferentes é abordado, não que houvesse necessidade de explicar algo, mas pelo menos explorar mais. Para os personagens, pode ser totalmente normal uma fada no quintal, mas para a audiência isso é novidade, e para os poucos acostumados com orcs e elfos, o costume é ver esse seres se matando em cima de cavalos ou coisas do tipo, não no boteco. Enfim, a mitologia está lá, mas não é rica e some-se a isso a trama com bastante clichês. Isso só se agrava quando se percebe que no filme se explica o que é um Bright mais de uma vez e isso podia ser tirado para aproveitar outra coisa.
A dupla

A química da dupla é boa, e você acredita na parceria entre os dois se desenvolvendo, falhando e etc. Mas, por mais excelente que o Will Smith seja, vai ter que chegar um momento onde ele como policial vai ter que fazer algo diferente de Bad Boys. E quando eu digo isso, não me refiro ao personagem, mas a escolha dos papéis mesmo. Porque Ward não é cômico como o personagem de Will em Bad Boys, mas todo o desenrolar da coisa toda contribuiu para o muito, mas muito mesmo óbvio final. É quase como se soubéssemos o que o Will Smith vai fazer na tela antes mesmo de ele se mexer.
Veredito

É um bom filme, uma boa estréia de Will Smith na Netflix. Eu sinceramente quero uma sequência, mas talvez com outro diretor que não faça o Will Smith ser o Deadshot de Esquadrão Suicida de novo. É um bom passa tempo, e para os fãs de Will Smith, vale bem a pena. Mas, há muitas opções melhores no catálogo da linda Netflix.
Post Scriptum: Tem mais personagens no filme mas ninguém entregou uma atuação digna de nota. Nem são ruins, mas parece que o David Ayer na direção não sabe valorizar personagens mesmo.
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