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O crowdfunding e o novo paradigma da criação de conteúdo

  • Foto do escritor: Silézio Luiz
    Silézio Luiz
  • 24 de jan. de 2018
  • 5 min de leitura

Chacrinha, Bolinha, Silvio Santos, Fausto Silva, Ratinho, Eliana, Xuxa, Angélica, Gugu Liberato, Carlos Alberto, Celso Portioli, Luciano Hulk, Raul Gil, Mara Maravilha, Hebe Camargo, Chico Anysio, Machado de Assis, Rubem Alves, Manoel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade, Lygia Fagundes Teles de um lado.

De outro Alexandre Ottoni (Jovem Nerd), Deive Pazos (Jovem Nerd), Claudia Andriolo (Haru), Katiucha Barcelos (Uplay), Rafael Martins (Uplay), Affonso Solano, Anderson Gaveta, Didi Braguinha, Leonel Caldela, Eduardo Sphor, Metal Jesus, Radical Reggie, Guga Mafra, Caio Corraini, Mona (Cinnamoniboni) e tantos outros.

Quem são todas essas pessoas? As primeiras, são os produtores de conteúdo da época da minha infância, alguns vigorando até hoje. Alguns que gosto bastante, outros nem tanto, mas reconhecidos comummente como referência em suas áreas.

Já os de baixo, é provável que parte dos mais jovens reconheçam. Correspondem aos criadores de conteúdo que eu acompanho atualmente.

A mídia em que os primeiros estão inseridos é a toda soberana "televisão" e alguns ali também com experiência em rádio e os escritores, no bom e velho livro de papel, sob a tutela das grandes editoras. Já os que acompanho atualmente, estão na internet, e isso quer dizer, podcasts, canais de youtube, canais de twitch, blogs, e os escritores estão em e-books e também no muito bom e ainda velho livro de papel, mas nem sempre tutelados por uma grande editora.

O que eu quero abordar com essa pequena introdução? Ah, a percepção de conteúdo, bem onde e como produzí-lo, através do tempo.

Mídia

Se procurarmos um conceito de mídia no dicionário, vamos obter algo próximo de "Conjunto dos diversos meios de comunicação, com a finalidade de transmitir informações e conteúdos variados" com uma margem de erro de 4 palavras "para mais ou para menos". Ou seja é o veículo por onde se entrega um determinado conteúdo. Dentro dos possíveis veículos estão inclusive as conhecidas artes, pra citar rapidamente a sétima (cinema) e a nona (quadrinhos), dentre tantas outras. Uma que sempre gosto de lembrar por pura diversão por ser bem específica são os avisos de postes, mídia impressa, setorizada e bem específica. Mas quem paga por tudo isso? E como?

As engrenagens

Na era do faça você mesmo o seu conteúdo, temos desde blogs descompromissados de pessoas querendo falar pro mundo sobre seus gostos (tipo esse) a projetos arrojados com formatos bem definidos e elevado padrão de produção como os canais no youtube do grupo Amazing Pixel (Jovem Nerd). No meio de tantas possibilidade criativas, também há diversas formas de se obter receita para manter os projetos e as vezes, com muita dedicação tornar isso um meio de vida. Temos a tradicional propaganda, que pode ser inserida nos conteúdos das mais diversas maneiras, seja por banners, monetização de vídeos ou conteúdo relevante publicado nos blogs, mas um tem se destacado recentemente. O apoio da comunidade.

Crowdfunding

É uma forma de o criador de conteúdo obter recursos para investir em seus projetos direto da fonte, ou seja, seu público. Se assemelha muito a tradicional vaquinha. No caso do crowdfunding ele pode ou não estar atrelado à metas de contribuição. Quanto mais o apoiador contribuir, mais conteúdo ele obtém. Mas qual a importância desse modelo e por que ele se difere tanto do modelo tradicional da propaganda na tv, mesmo sabendo que diversos apresentadores atrelam suas imagens aos produtos em merchandising e propaganda?

Engajamento

Assim como o público televisivo é engajado nas ações entendidas por seus produtores preferidos, na internet os produtores contam com um forte nível de engajamento, as vezes maior do que o das grandes massas. O engajamento de um produtor de conteúdo hoje em dia está intimamente relacionado com a capacidade desse produtor em localizar um público que se identifique com ele. Um público de nicho não tem interesse em mídia massiva e tão pouco tem algum poder de barganha. Mas para um produtor que identifica esse nicho, há a possibilidade de unir num só canal um público pulverizado que não seria atingido tão certeiramente com um programa de tv. Assim, os criadores de conteúdo 2.0 (não sei se existe esse termo, mas é legal né) se aproximam de seu público e obtém fidelidade, algo que muitas marcas buscam desesperadamente e gastam milhões tentando alcançar e um youtuber consegue as vezes com um tweet.

Diversidade

Não só os novos conteúdos são diversos como o próprio modelo de crowdfunding é bem diversificado. Se por um lado produtores cobram uma pequena taxa padrão de todos os apoiadores apenas para cobrir seus custos, há nas páginas de financiamento coletivo os mais diversos tipos de recompensa. Criadores de conteúdo fotográfico com cosplays dão recompensas como fotos assinadas com mensagens, posteres, fotos mais ousadas, vídeos, contatos em redes sociais. Produtores de vídeo costumam inserir os apoiadores em grupos vip de redes sociais e aplicativos de mensagem instantânea. Ilustradores e autores de peças gráficas diversas criam páginas em suas obras com a lista dos apoiadores, mandam marcadores, posteres, pequenos prints com ilustrações especiais ou mensagens e por aí vai.

Algumas recompensas são curiosas, havendo até mesmo criadores que seguem as redes sociais do apoiador a partir de determinado valor. Isso pode gerar status no nicho do apoiador ou simplesmente estreitar os laços com alguém que ele se identifica, admira e resolveu apoiar. Não é raro criadores e apoiadores criarem laços de amizade reais após certo tempo de convívio. Além de poder criar campanhas com mensalidades para conteúdo contínuo, os produtores também criam campanhas pro projeto, um livro ou revista por exemplo.

Como apoiar

É muito simples, vou deixar aqui as opções mais usadas para esse fim. O mais tradicional e mais usado por produtores internacionais é o Patreon (www.patreon.com). Você cria um perfil no serviço, como numa rede social e procura por projetos para seguir e apoiar. O pagamento é feito em dólares e também tem produtores brasileiros no serviço.

Temos no Brasil três alternativas que funcionam da mesma forma só que com pagamentos em Real. O Padrim (www.padrim.com.br) e o Catarse (www.catarse.me) (que por sinal foi por onde apoiei um lindo livro de ilustrações da Juliana Fiorese). Por fim temos o Apoia-se (www.apoia.se) que funciona nos mesmos moldes.

Como ser apoiado

Nos sites citados acima se você for um criador de conteúdo também pode criar um perfil e criar suas campanhas de financiamento.

Minha experiência

Tenho assistido cada vez menos tv e consumido mídia de massa em geral, salvo algumas exceções. Como moro no interior consumir mídia especializada me aproxima mais das minhas paixões e interesses e apoiar um projeto numa realidade onde vemos uma crescente de mais do mesmo sendo produzido e enfiado goela abaixo é no mínimo libertador. Apoiei o livro de ilustração da Juliana Fiorese e garanto que é bem recompensador contribuir com um trabalho que você gosta. Para esse ano tenho em mente apoiar um podcast e se sobrar "trumps" quero apoiar o jogo Bloodstained: Ritual of the Night (que já atingiu a meta de financiamento por sinal), do mestre Koji Igarashi e talvez uns dois canais de youtube. Então se você gosta do conteúdo de alguém, divulgue e se possível apoie.

Post scriptum: Algumas plataformas tem opção para apoio aos criadores diretamente em suas interfaces como por exemplo o Twitch.

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