Command and Conquer - A era de ouro do RTS
- Silézio Luiz
- 25 de jan. de 2018
- 7 min de leitura

"Olar" amigo e amiga! Ou deveria dizer camarada? Hoje vou derramar nostalgia no teclado. Quem aqui é PC gamer das antigas com certeza lembra de ter passados horas a fio minerando recursos, construindo exércitos e pensando estratégias nos RTS, Real Time Strategy games ou em bom português, jogos de estratégia em tempo real. Se você não jogava com certeza pelo menos conhecia alguém que jogava, muito possivelmente Warcraft. Então sem mais delongas.
O que é?
É um jogo onde você deve minerar recursos naturais do cenário para financiar a construção de estruturas e treinamento de unidades militares ou não para enfrentar um ou mais exércitos opositores. Normalmente jogado com teclado e mouse e podendo ter visão totalmente de cima ou em perspectiva isométrica (mais comum). Podendo ter diversos modelos de suporte ativo ou passivo, por meio de cartas, objetivos cumpridos ou pontos do mapa conquistados por exemplo. A vitória pode ser tanto por obtenção de pontos, conquista de uma porcentagem do terreno, eliminação de certas unidades chave ou como na guerra de verdade com o conceito de aniquilação total. O jogo pode ser categorizado em duas instâncias, o micro e o macro gerenciamento.
Micro gerenciamento
Normalmente utilizado no combate em si ou ordens diretas às unidades, é quando você se abstém do planejamento à longo prazo, economia e influência em terreno para as táticas de combate em si por exemplo. É nessa instância que temos hit and run (acertar e correr, tática de guerrilha clássica), parede de escudos e demais ações por unidade ou grupamento.
Macro gerenciamento
Aqui entram a sua estratégia econômica e de guerra no sentido mais amplo e decisões de longo prazo. Se vai focar em unidade aéreas, se vai investir inicialmente com rush (early game) e depois ganhar terreno, se vai juntar dinheiro na defensiva e usar unidades melhores no final do jogo (end game), ocupar tereno e monitorar rotas de extração de recursos (estratégia de sítio ou cerco) dentre outras.
Recursos
Os recursos são parte fundamental e compõem a base da estratégia. E conforme o jogo podem ser dos mais variados. Há jogos que trabalham com um recurso único para ser minerado e recursos adicionais obtidos através dessa mineração (Minério e energia por exemplo, no caso de Command and Conquer) já outros que possuem recursos dividos (Energia e metal, Total Annihilation. Madeira, ouro e petróleo em Warcraft, etc).
Tech tree
Árvore tecnológica, que em alguns casos pode ser também uma árvore de habilidades especiais. São construções, unidades ou vantagens atingidos por meio da obtenção de certos recursos ou condições. Para fazer a infantaria básica você precisa da barraca, para fazer a barraca você tem que fazer a refinaria para obter recursos. Para ter unidades aéreas você precisa do radar e assim até chegar nos últimos recursos.
Command and Conquer
Agora que dei uma tapa de leve no que é RTS, vamos entrar no mundo do meu RTS favorito. Joguei e jogo os mais variados títulos do gênero mas não consigo esconder que meu favorito disparado é a série da finada Westwood Studios, hoje nas mãos da EA e portanto morta, pois é isso que a EA Games faz, ela compra estúdios e mata suas franquias (ódio, ranger de dentes, mais ódio).
Em 1995 a Westwood Studios apresentou ao mercado a sua própria franquia de rts, depois de ter feito games de sucesso baseados em franquias de terceiros (Duna). À época o jogo chamou atenção não só pelo gameplay divertido e sólido como por sua narrativa e os famigerados FMV´s (full motion vídeos) que eram vídeos produzidos com pessoas reais. Estávamos vivendo o boom pós popularização do kit multimídia e agora a limitação de tamanho em disco dos jogos era bem menor com o advento dos espaçosos compact disc´s (nossa, como sou velho). O primeiro C&C vinha em dois discos, um para cada facção. GDI (global defense initiative) que era como as nações unidas, os presumidos mocinhos. E a Irmandade de NOD que eram como terroristas, os presumidos vilões.
Tiberium
Nesse primeiro game, as facções duelavam pelo controle do mineral alienígena tiberium, recém descoberto e com propriedades únicas, porém muito perigoso. O tiberium é um mineral que chega na terra em meteoros e pode tanto ser vendido quanto refinado para usar como combustível e fonte de energia. E é o mote principal para o fanático Kane, se auto proclamar o messias da nova era do tiberium e recrutar fanáticos para lutar pelo controle da criptonita genérica.
Narrativa
Um dos pontos fortes da série com já dito é a narrativa. Mas não pela qualidade ou profundidade. Em certo ponto há sim um envolvimento e muitos personagens carismáticos, mas tudo tem ar daqueles filmes tipo B que passam no Sci Fi, meio que Sharknado sabe? O próprio Kane nunca morrendo e voltando cada vez de forma mais novela mexicana é um bom exemplo, mas é inegável que esse é um dos charmes da série. Especialmente na contra-parte guerra fria da saga, num mundo sem tiberium (mais ou menos, siga para o post scriptum pois é um spoiler. Ah, por sua conta e risco) onde Aliados e Soviéticos partem pra porrada franca num mundo sem Adolf Hitler no universo intitulado Red Alert. Aqui a narrativa fanfarrona evolui bastante chegando a ser bem escrachada no terceiro capítulo do Spin off.
Além do Tiberium
Red Alert funciona num mundo de ficção científica onde Albert Einstein inventa a máquina do tempo e decide que seria uma boa voltar no tempo e tirar Hitler da história. Com isso, Stalin ganha força e a ameaça maior não é mais a Alemanha nazista e sim o regime de Stalin. Assim se dá o embate entre as forças aliadas e os soviéticos numa segunda grande guerra alternativa. Aqui com não há criptonita caindo do céu para minerar, o recurso básico é o ore (minério). Há ainda o universo "realista" de Command and Conquer Generals onde não temos tanta liberdade imaginativa e lutamos com forças tradicionais contemporâneos como uma facção terrorista (GLA), americanos, chineses e por aí vai.
Equilíbrio e diversidade
Em todas as suas vertentes C&C esbanja dinamismo e balanceamento entre seus exércitos e no gamplay em si. Possibilitando cadenciar muito facilmente o micro e macro gerenciamento e podendo-se facilmente reverter uma situação a seu favor ou perder uma guerra ganha. Deve-se tanto conhecer seu adversário para contra atacar com a estratégia correta como é vital ter um bom "micro" para fazer o uso correto das habilidades de suas unidades, em especial as unidades especiais.
Franquia de sucesso
Além dos RTS, a franquia fez tanto sucesso que rendeu livros e jogos em formatos diferentes com tiro em primeira pessoa e o free to play em browser Tiberium Aliances que funciona até hoje. A historia principal contou com 4 jogos (detesto o 4 e detesto contar que são 4 jogos. Pra mim são só 3) com diversas expanões (exceto para o 4), a série Red Alert contando com 3 jogos (também com diversa expansões) e a saga Generals com 1 jogo e uma expansão.
E-sport
Houve durante um tempo um cenário competitivo relativamente forte de Command and Conquer especialmente com C&C 3 e Red Alert 3. Havendo inclusive programas online exclusivos com conteúdo e cobertura dos eventos. Tudo isso morreu junto com Command and Conquer 4.
O futuro
Após a EA transformar a franquia num MOBA de mal gosto em C&C4 um game free to play foi anunciado no que seria o universo de Generals e fez fãs vibrarem com a possibilidade de um Generals 2. Mas infelizmente o projeto foi cancelado e a franquia está num hiato que sabe-se lá até quando vai durar ou se vai um dia acabar.
Paixão
Foram muitas e muitas noites viradas comandando exércitos em jogos de estratégia, e as mais especiais foram com C&C, me lembro de passar eventos tradicionais como Reveillon e Natal jogando horas a fio. É uma franquia que me trazia muita alegria, fazia bem ao meu cérebro e me entretinha de uma forma muito especial. Tanto que foi o primeiro jogo que adquiri uma versão de colecionador e por muito tempo o upgrade do PC era realizado com o objetivo de rodar o jogo mais recente da saga da melhor forma possível. Nostalgia, saudade e paixão. Valeu C&C!
Post scriptum (spoiler): Kane faz uma pequena aparição em uma expansão de Red Alert, dando a entender que o universo principal da série é um futuro possível do universo de Red Alert.
Post Scriptum 2: Excelentes ports de C&C 3 e Red Alert 3 foram feitos para Xbox 360 e Ps3 e a franquia teve até mesmo uma versão razoável para Ipad.
Post Scriptum 3: C&C acertava em cheio no meu coração com suas cut scenes e o elenco escolhido sempre me agradava muito. Joe Kucan como Kane encabeçava a lista, mas houveram diversas participações especiais com famosos de Hollywood como George Takei (Sr. Sulu de Star Trek), Gemma Atkinson (ai meu coração), Jenny McCarthy, Kelly Hu, Tim Curry, Jonathan Pryce (que pra mim é o Presidente dos Estados Unidos definitivo e grande motivo para eu gostar do filme dos GI Joe), J.K. Simmons (Sim, o chefe do Homem Aranha), Autumn Reeser (ai ai), Peter Stormare (de Prison Break), Randy Couture e Gina Carano (ambos do UFC), Josh Halloway (Sawyer, de "Lost"). E três muito especiais em C&C3 e Kanes Wrath (expansão de C&C 3) Tricia Helfer (Number Six, de "Battlestar Galactica", minha série favorita), Michael Ironside (de Starship Troopers um filme que eu amo, e dublador de Sam Fisher em "Splinter Cell") e Grace Park também de Battlestar Galactica e atualmente em Hawaii 5.0.
Post Scriptum 4: Red Alert conta com a trilha sonora mais icônica da série e seu compositor Frank Klepacki já participou diversas vezes do espetáculo de música Video Games Live interpretando o tema principal de RA, Hell´s March.
Post Scriptum 5: Eu cheguei a criar um guia, manual ou algo parecido com 60 páginas para Red Alert 2 com dicas, formações indicadas de unidades, descrição de mapas e coisas do tipo. Eu sabia os hit points das unidades de cabeça. Sim, é meu jogo favorito da série, aguarde a lista.
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