Your Name / Kimi no na wa - Prepare o lenço e uma garrafinha d´água
- Silézio Luiz
- 17 de jan. de 2018
- 4 min de leitura

"Olar" você que é um raio da saudade, METEORO da paixão! E sim, eu usei uma música "sertaneja" para fazer uma piadinha com um ponto específico de uma obra tão linda. Mas como podemos ver na imagem acima, essa é uma obra meteórica (sim, mais uma piadinha infame).
Lançado nos cinemas esse ano, a adaptação do mangá Your Name, que está atualmente no segundo volume de três aqui no Brasil. E agora "friendzinhos" está na minha, na sua, na nossa e sempre linda Netflix. E agora com vocês a minha valiosa avaliação de Kimi no na wa (Your Name).
O que é?
Baseado na obra de Makoto Shinkai, que dirige o anime, conta a história de dois jovens em separados pela distância que vivenciam uma espécie de troca de corpos (como naqueles filmes da sessão da tarde), ambos insatisfeitos com as vidas que levam em suas cidades. Mitsuha Miyamizu não se conforma em morar no interior, sem opções de lazer, gastronomia e também não vê um futuro muito prolífico se continuar a morar. Além de ter que suportar a pressão típica de uma cidade interiorana, por ser filha de um importante político local. Já Taki Tachibana, mora em Tókio, com todas as vantagens e desprazeres da cidade grande, as multidões, vida atribulada, pouco conforto, pouco contato com a natureza, mas todo um leque de atividades recreativas, uma gastronomia rica e amplas possibilidades profissionais. Eles começam a descobrir novas visões do mundo vivendo o dia-a-dia um do outro até que bem, vocês sabem, não dá pra ficar íntimo assim, viver a vida de outra pessoa sem sentir nada, correto?
Narrativa
Taki e Makoto não ficam com os corpos trocados de forma permanente, trocam um dia sim, outro não. E no dia que voltam ao seu corpo são expostos aos relatos de tudo que estiveram fazendo de forma estranha. Chega um momento em que eles estabelecem um meio de contato e determinam regras para não afetarem demais suas vidas e tentar seguir normalmente. Não parecendo ligar muito pra situação ou tentando buscar uma solução, os dois parecem estar se divertindo e testando as possibilidades, totalmente novas, agora oferecidas a ambos.
Dupla dinâmica
Apesar de não ser algo novo, a história de duas pessoas trocando de corpo, nessa obra ela ganha um ar de novidade primeiro pela visão oriental, onde vemos a contraparte masculina sendo o típico menino japonês (japonesices) e a garota também tipicamente japonesa, o que extrapola as diferenças entre ambos onde Makoto é muito sensível, ingênua e sonhadora e Taki, mais realista, meio desleixado, e minimamente sensível. A comunicação entre eles também é bem diferente da já vista em filmes do tipo que tendem a ser pessoalmente, sendo que nessa obra é da forma mais atual possível, e isso tem um por que além de manter o anime num contexto atual e fazer propaganda velada da apple.
Visual

E por falar na maçã, a identidade visual desse anime é fantástica. Tanto a direção de arte, quanto a animação, as cores, tudo é deslumbrante e com certeza é uma das mais belas obras de animação que já assisti, coladinha com Shigatsu wa kimi no uso. A câmera trabalha muito bem com boas tomadas e uma movimentação ambiciosamente fluida e a iluminação é não só muito bem realizada como é parte essencial para a condução da história.
Ambientação

Foto de um dos ambientes reais usados no anime. Ah! Essa escadaria!
Aliado ao visual deslumbrante, uma ambientação muito rica e detalhada tanto de Tókio quanto da cidade de Makoto se aliam a uma trilha delicada e intimista que conduzem bem o espectador dos momentos triviais, ao romance e o drama.
Japoneses
Os personagens da trama são muito carismáticos e alguns chegam a ser encantadores e é difícil não simpatizar e se importar mesmo que um pouquinho com os envolvidos ou desgostar dos mais chatinhos. Lembrando que até pra acharmos um personagem chato ele tem que ser bem desenvolvido, mas por falar em desenvolvimento, vamos ao único porém.
Ritmo
A parte mais divertida e curiosa da obra se passa em sua primeira metade, mas infelizmente ela parece meio corrida. Talvez não tenha sido possível adaptar bem o tempo do filme com o conteúdo do mangá, que aqui no Brasil sai em 3 edições até que volumosas. Assim, algumas coisas ficam meio que nebulosas, ou desaparecem do nada ou são jogadas do nada no nosso colo. Isso não só causa um certo incômodo quando de repente o clima da narrativa muda abruptamente. Sem contar que a conexão com a segunda parte seria ainda maior tendo o início plenamente desenvolvido.
Veredito

Com um mísero porém, e que talvez não impacte tanto para a maioria da audiência Your Name fica coladinho com Shigatsu wa kimi no uso como um dos melhores animes de drama/romance que já assisti durante todo o ciclo temporal de minha existência no terceiro planeta do sistema solar. É uma obra que nos faz pensar sobre como devemos aproveitar melhor os momentos em que a vida se mostra no modo tutorial pra nós, quando temos aquelas pequenas intuições e muitas vezes não as seguimos, talvez estejamos perdendo coisas importantes sem saber. Recomendo de coração e estão liberados para chorar bastante.
Post Scriptum: Isso é meio que um spoiler, por isso deixei aqui pro final, então só leia daqui pra baixo por sua conta e risco.
Spoiler:
Nesse tipo de história sempre há um item, ou acontecimento sobrenatural que viabiliza a troca de corpos e nesse caso, por se tratar de uma boa obra do sofrido povo japonês é um meteoro. O de início me fez pensar o quão dramático o japonês é, o tanto que ele sofre e meio que me incomodou (que o digam o Filipo e a Tati que assistiram comigo, valeu "pee pow"), mas depois pensando um pouco, o principal elemento e mais inusitado desse recurso pra esse tipo de narrativa usado aqui é um evento único. Normalmente nessas histórias, é algo que vai se repetir ou item que pode ser acessado novamente para resolver a troca. Como o cometa é único (nesse caso, e não vou dizer o porque para não dar mais spoiler) o recurso sobrenatural dele deve permitir um retorno e não me lembro desse recurso ser usado nesse tipo de obra, ou seja, o meteoro da saudade é mais ponto fortíssimo da obra.
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