Maria Brink - "A hot diamond sexy metal barbie"
- Silézio Luiz
- 28 de nov. de 2017
- 6 min de leitura

"Olar"! Recentemente falei aqui da banda Seether, e não sei se deixei claro naquele texto e em outros aqui, mas eu tenho dificuldade de separar uma obra de seu autor. Isso faz com que muitas vezes eu deixe de apreciar obras maravilhosas porque seus criadores são babacas, e isso é algo muito em voga atualmente com tantos artistas e celebridades sendo denunciados por assédio e afins.
Mas o reverso também acontece. Às vezes passo a apreciar mais uma obra ou um estilo dependendo do intérprete ou autor. E esse é o caso com a dona Maria Brink. Gosto muito de metal, não ouço tanto ultimamente mas é definitivamente um dos meus estilos musicais favoritos e ouço a maioria de seus sub-gêneros. Todavia algo com o qual nunca me dou bem é o tal do vocal gutural. Acho contra-melódico (se é que existe esse termo), embora as vezes o propósito na mente do intérprete seja exatamente esse, eu simplesmente não me consigo me aclimatar com esse tipo de interpretação, e na maioria das vezes nem entendo o que está sendo dito. Creio que a única exceção prévia a dona Maria Brinks seja especificamente o álbum Metal Veins ao vivo no Rock in Rio, do Sepultura, que eu gosto bastante embora ainda não goste de vocal gutural, mas é um álbum muito interessante de se ouvir, a banda é bem competente e sempre tenta diversificar seu som.
Mas vamos a Maria Brinks, vocalista da banda In this Moment. É um dos poucos casos que gosto mesmo só do vocalista da banda e não dou a mínima pro resto. As vezes não sei o nome dos outros integrantes mas consigo apreciar o que eles fazem. Aqui, pra mim não é o caso. Maria comanda e detém a banda sob sua tutela, talvez sob seu salto. Ela dá personalidade tanto musical como de performance nas apresentações ao vivo e por que não na cara da banda como um todo. O que me chamou a atenção nela de início é que ela mistura vocal gutural com vocal limpo, e tem uma performance invejável nas duas vertentes.
Vou fazer aqui uma pequena pausa pois percebi que não tem uma imagem no início do texto. Um minuto. Pronto. Vai ser possivelmente engraçado quando vocês lerem isso, pois a imagem já vai estar lá desde o início. É algo quase como texto ao vivo, que seria interessante se eu realmente tivesse uma audiência enquanto escrevo, ou mesmo depois de escrever.
A primeira vez que ouvi uma música do In this Moment, por curiosidade quando li que era meio gutural, meio limpo, fiquei maravilhado com a potência e personalidade da voz de Maria. Como bom nerd comecei a procurar avidamente por outros materiais, fotos, clipes e tudo quanto há da banda. Foi aí que descobri o que pra vocês vai ser óbvio pois já viram a foto lá em cima e infelizmente o motivo pelo qual, direi aqui infelizmente, a moça é mais conhecida por, beleza.
Faço agora uma nova pausa pois o texto está ficando grande e não cheguei nem na metade, para colocar aqui mais uma ilustração.

Voltamos amigos da rede .... (não recebo pra fazer propaganda deles, rsrsrs). Não amiguinhos e amiguinhas, ser bonita não é um problema, mas digo infelizmente pois pesquisando sobre ela no google e no artigo sobre ela na wiki, o que tem mais destaque é que em 2010 ela ganhou o prêmio "Hottest Chick in Metal", que é tipo um miss metal e nessa edição por acaso ela concorreu com a Lzzy Hale da Halestorm que eu amo e com a Lacey Mosley que decobri só agora que deixou a Flyleaf (que é uma banda de metal cristão bem fodinha), o que me deixa chateado pois gosto bastante da banda com ela, enfim divago. Mas estamos falando aqui de uma pessoa que canta bem em dois estilos vocais distintos, que performa bem no palco, que escreve e faz pinturas e tem uma história e uma representatividade absurdas, como apenas bonita.
E sobre a própria beleza dela ainda cabe ressaltar que ela não segue os atuais padrões Victoria´s Secret e mulher fruta. Maria tem uma história de vida muito fucking foda envolvendo basicamente personalidade e superação.
O pai abusou dela quando criança, logo em seguida abandonando-a e a mãe. Mamãe essa que mais tarde se tornou viciada em drogas e atualmente está limpa do vício com o auxílio de Maria. Teve um filho ainda nova, com 15 anos e teve que superar a morte de seu melhor amigo. E é claro que teve que enfrentar o tal do preconceito e machismo que muitos falam que não existe. Na audiência para entrar na banda que mais tarde se tornaria o In This Moment ela sequer foi ouvida por ser mulher, o que resultou no arrependimento do avaliador assim que a ouviu cantando. Sim, as vezes um fdp não é um fdp convicto, normalmente fdp é tudo que ele aprendeu a ser. Por isso temos que bater sempre nas teclas do machismo, racismo e qualquer preconceito, para ensinar as pessoas. Enfim.
Não me lembro onde ouvi a frase "Uma vez que você deslumbra o extraordinário se desinteressa pelo mundano". E essa frase me remete instantaneamente à Galileu que com uma mísera luneta contemplou o extraordinário que muitos hoje com mais recursos absurdamente ainda ignoram. Mas o que é o extraordinário? Essa pergunta me leva ao livro A Fundação de Isaac Azimov, onde resumindo demais um conceito exposto no livro, a humanidade possui energia nuclear mas não sabe mais como produzir do zero se precisar. Nesse aspecto, o que é extraordinário, uma pedra do tamanho de uma bola de tênis que fornece luz para uma cidade inteira ou a mente e o trabalho do engenheiro ou cientista que consegue construir o gerador que vai aproveitar essa fonte de energia?
Na sociedade de hoje temos o mal costume de alçar ao estado de extraordinário coisas sem valor, que só tem valor porque nós damos valor a elas, com base em preceitos por demais simples como estética e dinheiro. Atribuímos valor com base no preço, usando uma parada que inventamos que é o dinheiro que sequer é real e queremos viver ostentando uma chama como extraordinária, mas a chama numa fogueira, não existe sem lenha e trabalho. Uma máscara sem uma face com uma história por trás é apenas um adorno. Uma pessoa bonita sem valor é um belo envelope com uma carta em branco dentro, uma pessoa que produz riqueza monetária mas não influencia sua sociedade é só alguém, que tem muito de um papel que outrem diz a ele o quanto vale conforme fatores que ele não tem controle. E eu poderia ficar aqui o dia todo, ou não, mas vamos voltar ao assunto.
Assim, embasado no bolodório acima, o quão extraordinário é uma pessoa passar por tudo que que Maria Brink passou e usar sua arte para superar, para enfrentar seus fantasmas interiores? Mesmo o estereótipo de vocalista sexy é trabalhado por ela de forma diferente, a força das letras e na voz de Maria só podem ser alcançados não meramente por sua biologia mas pelo que ela passou e por quem ela demonstra que decidiu ser.
Segundo a própria (fico me imaginando se alguém vai perguntar, mas quem é própria? Sério, conheço gente capaz disso.) no palco ela vive uma persona, meramente uma persona e fora dele é uma flor juvenil, tendo vencido a depressão após o nascimento de seu filho e expondo em diversas letras de suas músicas as barras que teve que passar, tendo sido considerada um caso perdido na escola, ela demonstra o quão extraordinária uma pessoa como qualquer outra pode se tornar, por meio da teatralidade chamando a atenção com o que é volátil como a aparência para algo mais profundo, como um carvão trabalhado que se torna um diamante ou que ascende uma fogueira e não só como uma bela chama dançando numa brasa.
Senti a necessidade de escrever esse texto pois só achei informações sobre Maria Brink (eu estou me segurando pra não fazer piada com "tá de brinks") em sites especializados, e há uma boa parte do público que é muito jovem e normalmente para só nas manchetes de facebook da vida e nos artigos de wikipedia. Vale demais divulgar o trabalho de uma artista tão talentosa e capaz de passar tantos sentimentos com seu trabalho.
Post scriptum: O texto estava agendado para dia 29, mas quis publicar antes, bem, por que eu sou assim. Então amanhã (29) talvez não tenha nada aqui... talvez.
Ps2 (não o videogame, post scriptum 2): Como não brinquei com brinks, brinquei com o título misturando as idéias do texto com o nome de uma das músicas de In This Moment, Sexy Metal Barbie.
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