Angela - Asgard's Assassin
- Silézio Luiz
- 3 de jan. de 2018
- 4 min de leitura
No princípio havia a DC, e suas páginas continham lendas, e o consumidor disse que era bom. Mas o consumidor queria mais e cinco anos depois houve a Marvel, e em suas páginas havia idéias e o consumidor se identificou e disse que era bom. Em 1992 foi concebida a Image Comics e em suas páginas havia o Spawn de Todd McFarlane.

Mas não é do filho do inferno que falaremos hoje e sim de sua rival Ângela.
Sua primeira aparição foi na nona edição da revista do Spawn, uma co-criação de Todd e Neil Gaiman. Essa dupla resume bem o conceito de Ângela já que embora ela pareça apenas mais uma gostosa, sarada pouco vestida, típica da Image Comics ela é mais encorpada em conceitos, personalidade e atitude (possivelmente a mão de Neil pesando nesse quesito). Não que MacFarlane não saiba dar conteúdo aos seus personagens, mas convenhamos que não só as personagens femininas dele mas da Image como um todo são corpos vendidos à adolescentes na puberdade, de fato fisicamente os masculinos também, mas estes possuem mais personalidade pelo menos (não muita pra grande maioria, mas alguma pelo menos).

Sim, uma anja que combate demônios de lingerie estilosa e um cinto. Ah sim, uma ombreira tb. Maaass, maaaaasss maa aaa aaas, não se deixe levar pela aparência, debaixo dessa madeixas ruivas tem uma personagem interessantíssima. Tão interessante que a Marvel comprou a personagem das mãos de Neil Gaiman que ficou com ela após uma briga judicial com Todd MacFarlane. E vamos analisar aqui o primeiro encadernado da Anja Ruiva na casa das idéias, Assassina de Asgard, um compilado com as edições de 1 a 6 da apresentação de Angela como a filha exilada de Asgard.

A história apresenta a nova heroína, irmã de Thor, explica por onde ela estava até agora e desenvolve muito bem a personalidade dela. O que é interessante pois a obra ainda tem que lidar com a introdução de diversos outros personagens que estavam com Angela no reino exilado do Céu, sim, Odin pai de todos exilou um reino inteiro.
Angela odeia asgardianos, e a "aventura" começa quando ela sequestra a filha recém nascida de Odin e Freya e foge de Asgard.
Assim, Thor, indigno desde a saga Infinito, sem seu Mjolnir e acompanhado de um grupo seleto, incluindo Loki, segue no encalce da anja de cabelos escarlate.
Desenvolvimento
O texto segue num tom aventuresco, como num filme de perseguição e demora um pouco para conhecermos a motivação de Angela. E isso é bom pois enquanto escapa ficamos sabendo da história do décimo reino exilado e da dinâmica do relacionamento da anja com seu progenitor. Além de ficarmos mais íntimos de Angela e entendermos o por que de seu aspecto durão e suas atitudes muitas vezes rígidas. Anjos não são bons ou maus, são justos e são negociadores, um favor por um favor, uma dívida não fica sem ser paga.
E nesse contexto conhecemos a parceira de Angela no "crime", Sera, com a qual tem uma relação complicada, que não tenho como detalhar aqui para não dar spoilers, mas digamos que Angela ficou impossibilitada de pagar um débito a Sera, por um tempo, e isso é um problema para a guerreira ruiva. A medida que a perseguição encurta entre Angela e seus perseguidores, acabamos por ver uma aliança inesperada e o verdadeiro vilão da história, um muito forte e importante e que me faz desgostar ainda mais do último filme de Thor, mas isso é assunto pra outra hora.
Arte

É meio uma mistura de Red Sonja com as obras de Jack Kirby, pois ao mesmo tempo que tem uma ambientação por muitas vezes com aparência de fantasia medieval também tem bastante cores, especialmente tons de vermelho e é no geral muito bonita.
Os traços são firmes, não muito elaborados, especificamente em paisagens, mas são precisos, e isso ajuda a entender o que acontece, especialmente em batalhas, o que é muito bom. Afinal de nada adianta uma pintura na página se não conseguimos entender o que está acontecendo. Em suma, bem constante e bonita de ver.
Angela

Angela, lembra muito uma certa princesa amazona de uma distinta concorrência, é uma exímia guerreira, de personalidade forte e exilada de sua terra natal e da terra onde cresceu e que tem dificuldade de fazer as pessoas entenderem tanto sua forma de pensar como suas ações. Nas páginas podemos perceber o quanto foi positivo o começo da ruiva na Marvel e pessoalmente, não vejo a hora de pegar o segundo encadernado dela.
Veredito
Um excelente começo para Angela, marcado com bom ritmo, boa arte, boa história. Mais do que recomendado para quem aprecia a histórias do Deus do Trovão e a mitologia asgardiana da casa das idéias, e claro pra quem estava com saudade da anja caçadora de Spawns (não mais, não mais)

Disponibilidade: Loja online da comixology (ebook) e Amazon (física e ebook).
Preço sugerido: $ 6,99 na comixology e R$ 36,68 (ebook), R$ 50,22 física com capa comum na amazon do Brasil. 136 páginas
Post Scriptum: Deram um jeito de deixar ela mais vestida e efetivamente protegida para combate no meio da história e ficou bem legal.

Post Scriptum 2: Angela conta com aliados bem famosos, que não revelei acima, mas veja a imagem abaixo e se divirta.

Post Scriptum 3: Há publicações de Angela na Marvel anteriores a essa, mas não publicações solo. Outro dia falaremos delas.
Post Scriptum 4: A Panini anunciou a publicação da edição nacional do encadernado, mas ainda sem data.
Post Scriptum 5: Há diversas cenas contra a luz do sol na HQ que tem cores belíssimas, li num tablet com tela oled, tenha isso em mente ao escolher entre o ebook ou a versão física.
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